Segundo informação divulgada pela CNN Brasil nesta quarta-feira (01),
pelo menos 37 postos de saúde da cidade de São Paulo não estão
notificando o Ministério da Saúde sobre novos casos do coronavírus na
população.
E-mails internos da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e o
Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CeJam), organização
responsável pela gestão das unidades públicas de saúde, demonstra que
apenas casos de profissionais de saúde com queixa respiratória estão
sendo oficialmente comunicados ao Governo Federal.
Em 25 de marco de 2020, São Paulo registrava um total de 862 casos de
coronavírus. No mesmo dia, às 09h52m, o CeJam informou via e-mail: “Não
iremos mais notificar a populacao em geral, somente profissionais da
saúde com queixa respiratória (síndrome gripal), este deverá ser
notificado no site do Ministério e coletar o swab [cotonete usado para coletar material que passará por exames], não abrir SINAN [Sistema de Informação de Agravos de Notificação]“.
O SINAN é uma plataforma do Ministério da Saúde que recebe as
notificações e investigações de casos de doenças e agravos que constam
na lista nacional de doenças de notificação compulsória.
O mesmo e-mail também afirma que “os casos graves serão
notificados em hospitais de referência da região (UVIS M Boi: HMCL,
HMMBM e UPA CL e UVIS Campo Limpo: Hospital Serra Mayor“.
De acordo com o infectologista Jean Gorinchteyn, a orientação do
Cejam aos postos de saúde aumenta a possibilidade de casso
subnotificados de coronavírus.
“O ministério da Saúde está realmente otimizando, assim como
secretarias do Estado da Saúde, o maior número de testes possíveis que
vão ser realizados na população que apresente menos sintomas, portanto
não obrigatoriamente necessitando internação”, afirmou Jean. “Por
enquanto, casos que estão sendo revelados pelas estatísticas revelam tão
somente os casos que foram internados, assim como aqueles que evoluíram
a óbito. Os demais casos, que devem ser milhares, ainda não foram
identificados”.
O corpo do e-mail também revela uma orientação anterior da Secretaria
Municipal de Saúde de São Paulo, enviada pela diretora da divisão
técnica, Samantha Leite de Souza, encaminhada para Coordenadorias,
Supervisões e Unidades de Vigilância em Saúde:
“Assunto: ENC: Notificação SRAG COVID-19
Segue orientação sobre notificação e coleta de casos suspeitos de Coronavírus. Somente casos hospitalizados no SIVEP [Sistema Informatizado de Vigilância Epidemiológica] e SG [Síndrome Gripal] em profissionais da Saúde no Redcap (ambos terão amostra coletada): A vigilância de Coronavírus está inserida na vigilância de SRAG e a partir desta data somente os casos de SRAG Hospitalizados devem ser notificados. A coleta de amostras só será realizada nesses casos (SRAG Hospitalizado) e o envio das mesmas deverá ser acompanhado do respectivo formulário SRAG Sivep Gripe, com exceção dos profissionais de saúde.
Segue orientação sobre notificação e coleta de casos suspeitos de Coronavírus. Somente casos hospitalizados no SIVEP [Sistema Informatizado de Vigilância Epidemiológica] e SG [Síndrome Gripal] em profissionais da Saúde no Redcap (ambos terão amostra coletada): A vigilância de Coronavírus está inserida na vigilância de SRAG e a partir desta data somente os casos de SRAG Hospitalizados devem ser notificados. A coleta de amostras só será realizada nesses casos (SRAG Hospitalizado) e o envio das mesmas deverá ser acompanhado do respectivo formulário SRAG Sivep Gripe, com exceção dos profissionais de saúde.
Estas orientacoes estão vigentes a partir de hoje no município de São Paulo. Informamos que, a partir desta data, e de acordo com a Resolucao SS 28 de 17/03/2020 serão realizados exames laboratoriais para diagnóstico do COVID-19 de pacientes internados com *Síndrome Respiratória Agura Grave – SRAG* e de *Profissionais de Saúde* com qualquer sintoma respiratório com ou sem febre”.
Em nota, o CeJam afirmou que “segue aas diretrizes da Secretaria de
Estado da Saúde para enfrentamento da epidemias de Covid-19 e
subnotificação de casos da doença para os órgãos competentes”. A
organização afirma que o e-mail revelado apenas dissemina as orientações
da secretaria, que são, segundo o CeJam, “seguidas à risca”.
MBL
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