Nathalia é filha de Fabrício de Queiroz, ex-assessor de Flávio
Bolsonaro, deputado estadual e senador eleito. Ela trabalhou como
assessora de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e
também como secretária parlamentar na Câmara dos Deputados, no gabinete
do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
Os secretários parlamentares são funcionários escolhidos pelos
deputados, sem concurso. Eles trabalham em atividades como a elaboração
de discursos, pesquisas e recepção de pessoas. O registro de frequência
dos secretários é feito pelos próprios gabinetes e encaminhado à Câmara.
Nesta sexta-feira (14), uma reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”
revelou que Nathalia trabalhava como personal trainer nesta mesma época.
A informação também foi dada pelo site O Antagonista.
Segundo a “Folha de S.Paulo”, “em 2007, aos 18 anos, Nathalia começou a
atuar na vice-liderança do PP, então sigla de Flávio, onde ficou até
fevereiro de 2011. De agosto do mesmo ano até dezembro de 2016, esteve
lotada no gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro”.
Ainda segundo a “Folha de S.Paulo”, “em sua descrição numa rede social,
Nathalia identificava-se como educadora física e certificada em
eletroestimulação”.
A TV Globo confirmou as informações e obteve outros detalhes. Nathalia
também trabalhou como recepcionista numa academia que fica em um e
shopping do Rio de Janeiro, entre 2011 e 2012, época em que era
servidora da Assembleia do estado.
Em dezembro de 2016, Nathalia foi nomeada na Câmara dos Deputados como
secretária parlamentar e lotada no gabinete de Jair Bolsonaro. Mudou de
cargo duas vezes. Nos últimos meses, recebeu um salário bruto de R$
10.088,42.
Pessoas que contrataram Nathalia como personal trainer confirmaram, por
exemplo, que ela trabalhava inclusive em dias de semana, em horário
comercial. Uma cliente disse que era atendida rotineiramente por
Nathalia em dias úteis, entre 8h e 10h. O cargo dela na Câmara dos
Deputados prevê 40 horas semanais no gabinete.
Nathalia apagou os perfis em redes sociais, mas o JN teve acesso a
fotos dela publicadas anteriormente. Em uma delas, ela aparece como
personal trainer em um evento no dia 20 de abril de 2018, uma
sexta-feira, à tarde. Os empregadores de Nathalia para o evento
explicaram que não sabiam da função dela no gabinete parlamentar.
No início da semana, o presidente eleito foi questionado sobre a
funcionária do gabinete dele, Nathalia. Respondeu: “Ah, pelo amor de
Deus, pergunta para o chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários
comigo”.
Nesta sexta-feira (14), o JN procurou o chefe de gabinete de Bolsonaro,
Pedro Cesar Nunes Ferreira Marques de Sousa. No gabinete da Câmara,
informaram que ele está trabalhando na sede do governo de transição, no
CCBB. Lá, também não foi encontrado. Disseram que ele só aparece quando
Bolsonaro tem agenda no local.
No relatório do Coaf, o nome de Nathalia está associado a uma
transferência de R$ 84 mil para a conta do pai dela, Fabrício de
Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, ao longo de 13 meses,
incluindo o período em que ela já era assessora no gabinete de Jair
Bolsonaro. O conselho aponta que a movimentação financeira para Fabrício
era suspeita.
Na quinta-feira (13), numa rede social, Flávio Bolsonaro disse que não
fez nada de errado, que é o maior interessado em que tudo se esclareça,
mas que não pode se pronunciar sobre algo que não sabe o que é,
envolvendo um ex-assessor.
Fabrício Queiroz foi convocado pelo Ministério Público para prestar depoimento semana que vem.
A assessoria do deputado Flávio Bolsonaro disse que não há qualquer
ilegalidade ou irregularidade na atuação de Nathalia Queiroz e que a
descentralização de gabinetes e funcionários é permitida por ato da mesa
diretora da Alerj.
A assessoria do presidente eleito, Jair Bolsonaro, não retornou as ligações da equipe do Jornal Nacional.
Também não tivemos retorno de Nathalia Queiroz e não conseguimos contato com Fabrício Queiroz.
Fonte: jornal-nacional
Fonte: jornal-nacional