A proposta do senador Lasier Martins
(PSD-RS) que acaba com o voto secreto para presidente e outros cargos do
Senado está recebendo o apoio de outros parlamentares para tramitar em
regime de urgência. Até o início da tarde desta terça-feira (5), 19
senadores haviam assinado a lista, incluindo quatro líderes partidários,
que representam toda a bancada, o que garante o número mínimo
necessário de 21 apoiamentos.
Lasier, no entanto, acredita que esse
número de adesões vai aumentar ao longo da semana, visto que outros que
já assumiram publicamente a preferência pelo voto aberto ainda não
assinaram:
— Quando cheguei aqui, tive um impacto ao
perceber que o Senado tinha donos. O voto aberto vai acabar com isso,
pois vai dar transparência. Os senadores novatos que estão chegando
trouxeram consigo esse princípio da transparência, tanto que muitos
declararam seus votos na última eleição para presidente da Casa —
afirmou o representante do Rio Grande do Sul à Agência Senado.
CCJ
O Projeto de Resolução (PRS) 53/2018
modifica o Regimento Interno do Senado para acabar com o voto secreto
nas eleições para presidente e vice-presidente da Casa, para secretários
e suplentes da Mesa Diretora e para presidentes e vices das comissões
temáticas.
O texto está na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) — onde aguarda designação de um relator — e é defendido
pelos parlamentares que pregam a necessidade de transparência no
Legislativo e o direito do cidadão de saber a opinião de seu
representante.
Até agora assinaram a lista os senadores
Eduardo Girão (Pode-CE), Jorge Kajuru (PSB-GO), Rodrigo Pacheco
(DEM-MG), Styvenson Valentin (Pode-RN), Nelsinho Trad (PSD-MS), Lucas
Barreto (PSD-AP), Alessandro Vieira (PPS-SE), Major Olimpio (PSL-SP),
Carlos Viana (PSD-MG), Reguffe (sem partido-DF), Luis Carlos Heinze
(PP-RS), Selma Arruda (PSL-MT), Roberto Rocha (PSDB-MA), Jorginho Mello
(PR-SC), Elmano Ferrer (Pode-PI), Soraya Thronicke (PSL-MS), Simone
Tebet (MDB-MS), Leila Barros (PSB-DF) e Marcos Rogério (DEM-RO).
Polêmica
Lasier já vinha
defendendo o voto aberto desde o ano passado, quando entrou em atrito
com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos maiores críticos da
proposta. Em dezembro, o senador gaúcho chegou a apresentar mandado de
segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a garantia de voto
aberto na eleição para presidente do Senado.
O relator, ministro Marco Aurélio Mello,
concedeu liminar favorável, mas o presidente do Supremo, Dias Toffoli,
derrubou a decisão semanas depois, atendendo a um pedido do próprio
Senado. Para Toffoli, a mudança implicaria decisão monocrática
(individual) que interferiria em questão interna da Casa, prevista em
regimento, ferindo sua autonomia.
Na eleição que resultou
na vitória de Davi Alcolumbre para o comando do Senado, a questão voltou
a ser motivo de divergências entre os senadores. A reunião que
escolheria o novo presidente, na sexta-feira (1º), teve de ser suspensa
após mais de cinco horas de embates entre os senadores. Houve uma
votação em que 50 parlamentares apoiaram a abertura dos votos; apenas 2
foram contra. Porém, uma nova decisão de Toffoli, proferida na madrugada
de sexta para sábado (2), reafirmou que o voto na eleição para
presidente da Casa deveria ser secreto, o que foi seguido pelo Senado.
Exceções
O
senador Lasier Martins alega que a aprovação da Emenda Constitucional
76, de 2013, retirou da Constituição a previsão de voto secreto nas
deliberações sobre vetos presidenciais e sobre a perda do mandato de
deputados e senadores.
—
Apesar da alteração constitucional, o artigo 60 do Regimento do Senado
continua a prever a existência do voto secreto nas eleições de sua Mesa
Diretora.
Se aprovado o projeto, as votações
secretas no Senado ficarão restritas à escolha de autoridades (como
embaixadores e diretores de agências reguladoras); à suspensão das
imunidades de senador durante estado de sítio; à exoneração do
procurador-geral da República; ou por “determinação do Plenário”,
conforme o Regimento Interno do Senado.
Agência Senado