Em 2022, por força da nova lei que impõe a cláusula de barreira aos
partidos, haverá a obrigatoriedade de ter um percentual dos votos
válidos para deputado federal em pelo menos nove estados, que foi de
1,5% em 2018 e será 2% em 2022, até chegar a 3% em 2030.
A ideia é reduzir o número de partidos. Em 2018 caíram 14 dos 35, que
se fundiram para não perder as tetas do fundo partidário e tempo de TV.
Por aí, quanto mais candidatos a prefeito, mais chance de eleger
vereadores, a base.
Nas grandes - Mas em alguns casos, como Salvador e
Feira de Santana, outras particularidades vitaminam a ideia. Em 2016,
Salvador tinha ACM Neto como candidato à reeleição, e Feira, Zé Ronaldo
(DEM). Ambos bem avaliados esmagaram os adversários (e pelo mesmo
princípio foram esmagados por Rui ano passado).
Em 2020, Neto e Ronaldo estão fora, o que anima muitos pretendentes,
com a ideia de que, não havendo favoritos absolutos, a chance é maior.
Irmão Lázaro (PSC), que era deputado federal e disputou o Senado na
chapa de Zé Ronaldo, por exemplo, que é filho de Salvador, mas radicado
em Feira, diz que o nome dele está à disposição nos dois municípios.
– Claro que na majoritária a decisão é de grupo. Mas o meu nome está
à disposição nas duas, sem rebelião. Se não der eu apoiarei quem for o
indicado.
Isidório, o filho, estreia
João Isidório (Avante), que se elegeu deputado estadual mais votado,
com 110 mil votos, no rastro do prestígio do pai, o Sargento Isidório,
agora deputado federal, já elaborou o primeiro projeto a tocar na
Assembleia. A iniciativa pretende proibir a colocação de anúncios de
bebidas alcoólicas em equipamentos públicos. Ainda no rastro do pai,
João também acaba de ser ungido como pastor. Só faltam as papagaiadas.
Luizinho, o que sobrou
A rádio-corredor da Assembleia previa que nenhum deputado estadual
seria secretário no segundo governo Rui Costa, ao contrário do primeiro,
que teve Paulo Câmera e Vitor Bonfim.
A questão: o primeiro-suplente é Luizinho Sobral (Podemos),
ex-prefeito de Irecê, inimigo ferrenho do prefeito Elmo Vaz (PSB), que
tem na Assembleia a deputada Fabíola Mansur (PSB). A trava no caminho
dos estaduais veio daí.
Thomé está vindo de novo
Padrinho e entusiasta de trazer a Salvador os restos mortais de Thomé
de Souza, fundador da cidade, de Vila Franca de Xira, em Portugal, para
cá, o advogado Ademir Ismerim diz que a ideia de construir um memorial
para hospedar o português está de pé, não mais como um grande projeto no
Porto da Barra, mas agora na praça Municipal, em parceria com a Câmara
de Salvador.
– A ideia é ajeitar no lugar da estátua já existente.
Thiago Correia, um ajuste entre os meninos de Neto
Muito se queria saber o que aconteceria com os garotos do entorno de
ACM Neto, tidos como bem-aventurados: Leo Prates (DEM), presidente da
Câmara de Salvador, amigo de Neto; Pablo Barroso (deputado estadual),
também; Paulo Câmara (PSDB), ligado a Antônio Imbassahy; e Thiago
Correia (PSDB), casado com uma sobrinha de Nilo Coelho.
Veja no que deu: Leo elegeu-se deputado estadual muito bem, Pablo
dançou, Paulo também é estadual, e Thiago, que também queria ser
estadual, ficou na suplência.
Agora Leo se afastou e Thiago assume a Alba sem perder o mandato de
vereador e, ainda por cima, vai presidir a Comissão de Defesa do
Consumidor. Pablo foi a única vítima.
POLÍTICA COM VATAPÁ
O carro comunista
Conta Sebastião Nery que Henrique Lima Santos, um dos mais brilhantes
deputados que a Bahia já mandou para o Congresso Nacional antes de
1964, era líder estudantil na Faculdade de Direito da Ufba. Lá um dia
foi tirar a carteira de habilitação, o Detran negou, com o seguinte
despacho:
‘Indeferido. O proprietário do automóvel é fichado como estudante comunista’.
Henrique foi ao secretário de Segurança, Lafaiete Coutinho, deputado
licenciado, que achou graça, mas resolveu encaminhar o processo para
Antônio Balbino, o governador, com o despacho:
‘Ao senhor governador, para decidir se o automóvel é de centro, de direita ou de esquerda’.
Balbino entrou na onda, devolveu o processo:
‘Conceda-se. O automóvel pode até ser comunista, mas a gasolina com certeza é americana’.
Balbino era um rico latifundiário de Barreiras que tinha muitos amigos de esquerda, entre eles o feirense Chico Pinto. ATarde