Ministros e aliados ouvidos pelo blog não escondem a
perplexidade com a condução pelo presidente Jair Bolsonaro do caso do
ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência).
Nos últimos dias, reportagens do jornal “Folha de S.Paulo” mostraram
casos de suspeita de repasses do fundo partidário para candidatos
“laranjas” do PSL, partido do presidente, comandado por Bebianno durante
as eleições.
Nesta terça-feira (12), o jornal “O Globo” publicou uma declaração em
que Bebianno diz que não é pivô de uma crise e que teria falado naquele
dia três vezes com o presidente. Um dos filhos de Bolsonaro, vereador
Carlos Bolsonaro, foi às redes sociais desmentir Bebianno.
Integrantes da ala militar do governo avaliam que é um erro fazer uma
fritura em praça pública. Eles se referem à ação conduzida por Carlos e
que, segundo eles, foi endossada pelo próprio Jair Bolsonaro.
“Se quiser tirar Bebianno ou qualquer ministro, há formas menos traumáticas”, disse ao blog um integrante do governo Bolsonaro.
A avaliação entre os próprios aliados é que o caso tem potencial
explosivo, pela sinalização que o presidente dá em relação ao tratamento
aos seus aliados mais próximos.
“Se Bolsonaro faz isso com um apoiador desde a primeira hora
de sua campanha, imagine o que ele não pode fazer com qualquer um de
nós”, comentou um influente dirigente partidário.
Independentemente das investigações que serão feitas em relação à
acusação de uso de laranjas para distribuir fundo partidário nas
eleições, integrantes do próprio PSL se mostram rachados sobre o caso.
Isso porque Bebianno tem uma boa imagem junto a setores da bancada. O
que mais impressiona é o fato de o presidente Bolsonaro estar
avalizando todas as ações do filho Carlos, para desestabilizar e
inviabilizar de forma permanente a continuação de Bebbiano no governo.
No caso do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, contra quem
também pesam suspeita de uso de “laranjas” para receber recursos do
fundo partidário, o tratamento foi completamente diferente por parte da
família Bolsonaro.
Há o reconhecimento no núcleo mais próximo do presidente que a
situação de Bebianno ficou insustentável. Mas que, diante da resistência
do ministro em deixar o cargo, Bolsonaro terá que assumir o desgaste de
demiti-lo, depois de um longo processo de fritura. G1