O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) fez duras críticas
ao ministro da Justiça Sérgio Moro, após a decisão do governo federal de
transferir para um presídio de segurança máxima de Brasília, o chefe
máximo do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
O criminoso, que há menos de dois meses estava detido em um presídio
federal de Porto Velho (RO), deixou a cidade na manhã de ontem e foi
enviado para a unidade em Brasília. Outros três líderes da facção também
foram alvo da mesma operação, um sinal de que o governo pode adotar o
rodízio em prisões federais para dificultar a reorganização da cúpula do
PCC e planos de fuga.
Ibaneis Rocha disse que se trata de uma decisão absurda e afirmou que
vai procurar o presidente Jair Bolsonaro para que o líder do PPC seja
levado para fora da capital federal. “Já pedi à procuradoria para
preparar uma ação judicial, com base na lei de segurança nacional. Essa
atitude do ministro Moro demonstra que ele não conhece nada de
segurança, realmente”, declarou o governador neste sábado, durante
visita ao evento “SOS DF Justiça”, que acontece em Candangolândia, no
entorno de Brasília.
“Você não pode trazer um criminoso desse quilate, um criminoso que
arrasta com ele todo crime organizado. E olha que nós estamos fazendo
nossa parte. Vocês viram ontem pela manhã. Nós prendemos sete
integrantes do PCC aqui no Distrito Federal”, disse Ibaneis, claramente
irritado com a decisão do governo federal.
“Nossa Polícia Civil está trabalhando forte. Agora, trazer um
criminoso como esse pra cá, a seis quilômetros do Palácio do Planalto?
Nós temos mais de 180 embaixadas de representações internacionais. Nós
temos os principais tribunais da República, grandes autoridades circulam
por aqui. Como é que você traz isso para dentro da capital da
República? Isso é o maior absurdo do ponto de vista da segurança que já
ouvi falar na minha vida”, afirmou.
Ibaneis disse que o presídio federal em Brasília “é uma jabuticaba”
que só existe no DF. “Em lugar nenhum do mundo você tem um presídio
federal dentro da capital da República. Eu vou acionar a justiça, vou
procurar todas as autoridades, vou levar ao presidente Bolsonaro o
absurdo desse preso estar aqui. Simplesmente você vê um líder do PCC a
seis quilômetros do presidente da República. Isso certamente não vai dar
certo.”
O governador do DF disse que “não adianta dizer que existe medida de
segurança para afastar, porque o crime organizado anda junto” e já está
na região. “Eles sabiam dessa vinda para cá e todos eles já estavam
aqui. Nós, através de nosso monitoramento pela Polícia Civil,
conseguimos prender uma parte dessa quadrilha. Agora, com certeza, a
presença de Marcola aqui no Distrito Federal vai fazer com que o crime
organizado proceda aqui e na região metropolitana, que não tem
policiamento.”
Inaugurada em outubro, a unidade de Brasília é a mais nova
administrada pela União e abriga outros presos pertencentes à facção
paulista. A operação desta sexta foi coordenada pela Secretaria de
Operações Integradas, criada por Sérgio Moro.
Marcola e os demais foram levados de Porto Velho por aeronaves da
Força Aérea Brasileira. Também participaram da segurança agentes do
Departamento de Penitenciário Nacional e do Comando de Operações Táticas
da Polícia Federal. Estadão