A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure)
apelou a pastores e igrejas para que, “por solidariedade cristã e em
nome do espírito coletivo”, se sujeitem às determinações e recomendações
de governos para não realizar cultos presenciais, reuniões religiosas
ou eventos públicos durante a pandemia da covid-19.
“A Anajure pede à comunidade evangélica que continue seguindo as
recomendações do poder público com relação ao isolamento social, ainda
que algumas delas sejam questionáveis do ponto de vista constitucional”,
apelou a entidade, em nota. “A resistência por parte de alguns grupos
religiosos, ainda que em pequeno número, demonstra desconexão com a
gravidade do contexto enfrentado pelo país e falta de compaixão por seus
fiéis, vez que os coloca em perigo e eleva o potencial de proliferação
da doença, inclusive, no meio de grupos de risco, como os idosos.”
O Ministério da Saúde afirma que os templos podem permanecer abertos
para assistência ou orações individuais, mas desorienta promover cultos e
quaisquer atividades com aglomeração – seja qual for a religião. Evitar
multidões é a principal diretriz para conter o ritmo crescente de casos
de infecção do novo coronavírus em todo o País.
A associação diz ser “prudente” usar meios de comunicação virtuais
para cultos, aulas e seminários teológicos, além de sugerir o trabalho
em casa aos funcionários administrativos das denominações.
A Anajure afirma que eventuais inconstitucionalidades nos decretos ou
leis não justificam a adoção de postura de insubmissão às
recomendações, que visa preservar a vida e a dignidade da pessoa humana.
A associação pediu cautela aos líderes religiosos ao falar sobre a
pandemia.
“O pronunciamento comedido e cauteloso de pastores e líderes é
essencial para a conscientização dos fiéis, sendo de extrema relevância
que as autoridades eclesiásticas se deixem guiar pela prudência,
sensatez, sabedoria e solidariedade”, afirmam os dirigentes.
A Anajure já publicou dois comunicados com orientações às igrejas e
líderes evangélicos, assinados pelo presidente, o advogado Uziel
Santana. O último no sábado, dia 21. Os documentos são aprovados pelo
conselho da entidade, dirigida majoritariamente por membros de igrejas
históricas, como Presbiteriana, Batista e Metodista, entre outras.
As notas trazem uma análise aprofundada do arcabouço legal brasileiro
e internacional sobre a liberdade religiosa e o direito de reunião,
entre outros princípios, e também de decretos e outras normas federais,
estaduais e municipais que restringem atividades por meio de quarentena
como forma de evitar temporariamente a covid-19.
(Com Terra)