A presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), 
Margarette Macaulay, afirmou nesta segunda-feira (5) que crianças “de 
zero a 18 anos não devem ser presas” e que a redução da maioridade penal
 no Brasil seria “infeliz”.
Após uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), 
Dias Toffoli, em Brasília, Macaulay disse que, segundo as normas 
vigentes no direito internacional, qualquer pessoa com menos de 18 anos 
não pode ser considerada adulta.
– A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos segue o padrão 
internacional de respeito à infância. Crianças, como definido, de zero a
 18 anos, não devem ser presas, a menos que sejam circunstâncias 
extremas – declarou Macauley a jornalistas depois do encontro com 
Toffoli.
Perguntada se, segundo sua opinião, a redução da maioridade penal 
seria um “retrocesso”, a presidente da CIDH respondeu que 
“definitivamente”.
– Seria muito infeliz, pois afetará os direitos das crianças, de 
pessoas que são consideradas crianças de acordo com o direito 
internacional. E o Brasil assinou a convenção a respeito dos direitos 
das crianças – destacou Macauley.
A redução da maioridade penal, dos atuais 18 anos para os 16, é uma 
das principais propostas do presidente eleito, Jair Bolsonaro, cujo 
mandato começará em janeiro.
No entanto, Macauley evitou comentar assuntos relacionados à política
 local e considerou que ainda não é possível fazer avaliações sobre o 
futuro governo de Bolsonaro.
A presidente da CIDH assegurou também que a reunião com Dias Toffoli 
foi “proveitosa”, embora tenha destacado a avaliação negativa que o 
Brasil obteve com relação ao respeito dos direitos humanos no país.
Macauley pontuou que, no último relatório elaborado pela CIDH, o 
Brasil recebeu uma nota que se refere a “uma posição baixa com relação à
 realização dos direitos humanos” e, por isso, o organismo multilateral 
vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA) organizou esta 
“visita in loco”.
– Os dados e as informações compartilhadas pelo magistrado Dias 
Toffoli serão um grande auxilio no relatório detalhado que iremos 
escrever sobre o estado atual do Brasil – ressaltou Macauley.
Por sua parte, Toffoli explicou que a reunião com a presidente da 
CIDH se centrou, sobretudo, no acesso à Justiça e na recente decisão do 
Supremo que concedeu prisão domiciliar a mulheres grávidas ou com filhos
 menores de 12 anos que estavam presas.
A delegação da CIDH liderada por Macauley iniciou nesta segunda-feira
 uma visita ao país para avaliar a situação em matéria de direitos 
humanos e que se estenderá até o próximo dia 12.
Os integrantes da comitiva visitarão oito estados do país, além de 
Brasília, e terão reuniões com diferentes autoridades, com 
representantes da sociedade civil organizada e com militantes das 
organizações de defesa dos direitos humanos.
Também estão previstas visitas a unidades carcerárias do país, pois, 
segundo Macauley, a CIDH, em geral, “está bastante insatisfeita” com a 
situação carcerária do Brasil.
*Com informações da Agência EFE
 






 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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