Uma das lideranças dos caminhoneiros autônomos da região de Curitiba,
Wanderlei Alves, o Dedeco, disse que, desde janeiro, o governo Jair
Bolsonaro não responde mais a seus pedidos de reunião para tratar da
situação da categoria.
"O governo, na verdade, fechou as portas
para nós", se queixou Dedeco ao chegar à sede do Ministério da
Infraestrutura acompanhado do presidente da Confederação Nacional dos
Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno.
Dedeco e integrantes da CNTA reclamam da interlocução feita com o governo pelo caminhoneiro Wallace Landim, o "Chorão".
Na
chegada para o encontro com o ministro Tarcísio Gomes de Freitas
(Infraestrutura), Dedeco disse que foi o responsável pelo vazamento de
áudios gravados pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e enviados
para as lideranças dos caminhoneiros dizendo que o governo havia
estabelecido uma "trava" nos reajustes da Petrobras.
A divulgação,
segundo ele, ocorreu quando o ministro o bloqueou no aplicativo de
troca de mensagens. "Quando ele me bloqueou, eu soltei os áudios deles",
afirmou a jornalistas.
Diumar Bueno afirmou que a decisão sobre nova greve dos caminhoneiros "está nas mãos do governo". Disse que
as pautas de reivindicação da categoria já são conhecidas. "Precisamos
do piso mínimo do frete, que vai regular também os reajustes de
combustíveis para a categoria", afirmou. A nova legislação garante que, a
cada reajuste acumulado em 10% do diesel, os valores mínimos do frete
também devem ser reajustados.
Planalto
Diversos
ministros dividem a articulação com o movimento dos caminhoneiros para
monitorar o risco de paralisação, atender às demandas das categorias e
minimizar problemas para o país. Freitas tem sido o principal
articulador do governo, mas divide a tarefa principalmente com os
ministros palacianos: Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de
Governo), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Floriano Peixoto
(Secretaria-Geral).
Principal conselheiro de Bolsonaro, o ministro
do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, não tem
se envolvido diretamente nas negociações, mas é sua Pasta que cuida
diretamente do monitoramento de riscos eventuais de uma greve.
Um
militar de alta patente que auxilia Bolsonaro afirmou que, atualmente, o
monitoramento aponta para "baixa adesão" e o dia 29 - que tem sido
apontado por algumas lideranças como possível dia de greve - ainda não é
considerado como um risco. Apesar disso, essa fonte destaca que essa
baixa adesão pode mudar "com uma velocidade espantosa".
Outras
fontes palacianas que participam das conversas sobre o problema dos
caminhoneiros salientam que há muitos líderes que não possuem poder de
fato, mas "gostam de fazer barulho".
No Palácio do Planalto, o
porta-voz da presidência, general Otávio do Rêgo Barros, disse que o
governo "tem atuado de forma proativa no gerenciamento dessa
negociação". Ele destacou ainda que a expectativa do governo é que "não
há motivos para a paralisação".
(Rafael Bitencourt, Carla Araújo e Fabio Murakawa | Valor)
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