A produção industrial do Brasil contrariou as expectativas e subiu em
fevereiro pelo segundo mês seguido, embora alguns segmentos possam já
dar os primeiros sinais das consequências da pandemia de coronavírus.
Em
fevereiro, a produção industrial brasileira aumentou 0,5% em relação ao
mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O
resultado segue-se à alta revisada para cima de 1,2% em janeiro, contra
0,9% informado antes, e foi melhor do que a expectativa em pesquisa da
Reuters de queda de 0,4%.
Nos dois primeiros meses do ano, a
indústria acumulou alta de 1,6% na produção, mas isso ainda foi
insuficiente para recuperar as perdas de 2,5% nos dois últimos meses de
2019.
A atividade industrial de janeiro foi revisada de 0,9% para
1,2% frente a dezembro, acumulando 1,6% de crescimento nos dois
primeiros meses de 2020, nessa base de comparação.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 0,4% na produção da indústria, ante expectativa de recuo de 2,5%.
Entre
as categorias econômicas, Bens de Capital, uma medida de investimento,
teve o maior ganho de produção, de 1,2% sobre janeiro. A fabricação de
Bens Intermediários aumentou 0,5%, enquanto a de Bens de Consumo caiu
0,6%.
Os ramos pesquisados mostraram que houve aumento em 15 dos
26 pesquisados, sendo que as principais influências positivas partiram
de veículos automotores, reboques e carrocerias (2,7%) e outros produtos
químicos (2,6%).
"Automóveis e caminhões ajudam a explicar esse
resultado no começo do ano, depois da perda do ano passado. Houve férias
coletivas em novembro e dezembro, e com a volta da produção nos
primeiros meses de 2020, é natural que representem impulso de
crescimento", explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Por
outro lado, apresentaram perdas, entre outros, coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis (-1,8%) e equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (-5,8%).
De acordo com Macedo, a
queda da produção na informática já pode ter influência das paralisações
provocadas pela pandemia do novo coronavírus.
"Alguns segmentos
podem ter sido impactados pela situação da China, principalmente aqueles
que trabalham com matéria-prima importada e comércio internacional,
como é o caso da informática", disse.
A economia brasileira vive
momento de fortes incertezas diante das paralisações em todo o país para
conter o surto de coronavírus, com fechamentos de empresas e indústrias
e com muitos trabalhadores em quarentena, além das medidas de contenção
adotadas em todo mundo.
Como consequência do avanço do
coronavírus, o Ministério da Economia cortou sua projeção de crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 para 0,02%, ante alta de 2,1%.
Já
a pesquisa Focus do BC mais recente com uma centena de economistas
mostra que a expectativa para a economia já é de contração de 0,48%, com
a produção industrial avançando 0,85%. Extra
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