Para os surdos, a surdez não é uma deficiência, mas caracteriza-se por uma única de experimentar
o mundo, revelando potencialidades, expandindo oportunidades para
construção de uma cultura própria que não se identifica pelo que ouve ou
não. Para a comunidade surda não há “perda auditiva”, mas sim um “ganho
surdo”.
Foram essas considerações que motivaram a iniciativa de
construção do livro reportagem perfil: ”Eficiência: Muito além do som”,
que conta histórias de vida de surdos em Juazeiro-BA e Petrolina-PE, no
sertão nordestino. O produto corresponde a um trabalho de conclusão do
curso de Jornalismo, da aluna egressa do DCH/Campus III – UNEB, Ester
Muniz, sob orientação da Profª Ms. Teresa Leonel.
A jornalista
considera que a falta do recurso auditivo natural é apenas um atributo
que torna a comunidade surda provida de características próprias e
inteiramente eficientes. A surdez deve ser percebida como uma
possibilidade de maior eficiência de outros sentidos, legitimando o modo
de existir da comunidade surda, onde a ausência auditiva não é sinônimo
de deficiência, mas uma ampliação da exploração sensorial.
Ester
fala sobre seu interesse inicial na abordagem da temática sobre pessoas
surdas, para isto ela afirma: “No início de 2007 comecei a fazer, na
igreja, um curso de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, a língua dos
surdos, pela qual sempre nutri certa simpatia, mas nunca busquei
pesquisar a fundo. Quando o professor começou a falar da história dos
surdos, como eles eram vistos, comecei a prestar atenção no quanto até
hoje eles não eram percebidos, pelo menos não por mim.”
”Eficiência:
Muito além do som”, trás narrativas de pessoas surdas a partir de suas
experiências existências, reforçando a relevância de que, quando falamos
da cultura surda há a necessidade de despertar a sociedade para a
prática da alteridade, ou seja, para o ato de uma cidadania que se
configure por relações pacíficas e construtivas com a diferença.
A
autora propôs em sua obra, elementos que integram o respeito humano e a
acessibilidade, por meio de uma inclusão que enfatiza a igualdade a
partir da diversidade, advertindo para uma modificação social capaz de
acolher as especificidades da cultura surda, bem como sua pertinência
para a formação da identidade e para o reconhecimento das diferenças
características do surdo.