Após o anúncio da Estação Primeira de Mangueira, escola de 
samba carioca, de que o pastor Henrique Vieira interpretará Jesus em 
desfile, um grupo de 23 líderes evangélicos se manifestou contra.
O manifesto é assinado por pregadores como o bispo Abner Ferreira, 
presidente da Assembleia de Deus Madureira, o bispo Daniel Malafaia, 
presidente da Assembleia de Deus de Campo Grande, o pastor Josué 
Valandro Jr., da Igreja Batista Atitude, o pastor Edvaldo Nascimento, da
 Missão Somos Um, e o pastor Josué Gonçalves da Silva, da Igreja Batista
 Céu Abençoado.
– Repudiamos a tentativa de captura da fé por ideologias e partidos, 
assim como a tentativa de promover ideias e posicionamentos confusos ao 
povo evangélico – declararam.
Eles também afirmaram que partidos de esquerda querem se aproximar 
dos cristãos apenas pelos votos. E pontuam incoerências do que Vieira e a
 fé evangélica pregam.
Henrique Vieira é pastor da Igreja Batista do Caminho, na Gávea, Zona
 Sul do Rio de Janeiro. Ele será uma das faces de Jesus no desfile e 
também ajudou o carnavalesco Leandro Vieira a compor o enredo.
NOTA NA ÍNTEGRA
É fato notório que partidos políticos de esquerda estão 
buscando aproximar-se dos evangélicos com fins eleitorais. O contingente
 da mídia que sempre discriminou os evangélicos parece ter alterado seu 
mecanismo de atuação após anos desqualificando os pastores. Agora, vemos
 a tentativa de apresentar ao grande público como “pastores” pessoas 
que, embora apresentem-se como tal, defendem ideias, valores e 
comportamentos diametralmente opostos aos que historicamente 
professamos.
Reiteramos nosso posicionamento em favor da absoluta liberdade 
religiosa, da liberdade de escolha e da livre manifestação de 
pensamento. No entanto, repudiamos a tentativa de captura da fé por 
ideologias e partidos, assim como a tentativa de promover ideias e 
posicionamentos confusos ao povo evangélico e seus interlocutores no que
 tange aos pressupostos e implicações da fé cristã.
Nesse sentido, tornamos público que não reconhecemos o Sr. 
Henrique Vieira como pastor evangélico, mas tão somente como um 
militante de esquerda que visa à captação de votos dos evangélicos. Por 
conseguinte, declarar-se “pastor” não é condição suficiente para sê-lo.
Os pastores evangélicos afirmam que: a) Jesus é o Salvador do 
mundo, dos homens e mulheres de todos os tempos, lugares e culturas; b) o
 Deus Trino (Pai e Filho e Espírito Santo) é a fonte e o destinatário da
 nossa oração; c) Maria concebeu Jesus por obra do Espírito Santo antes 
de habitar com José, com quem estava desposada; d) a unidade do Corpo de
 Cristo implica a busca da comunhão entre os cristãos e o respeito às 
outras religiões para a promoção de uma sociedade mais pacífica, justa e
 fraterna; e) a vida tem início na concepção, sendo que a prática do 
aborto se apresenta como assassinato de inocentes; f) a drogadição, por 
experiência, destrói vidas e famílias, o que fica evidente pelas 
inúmeras comunidades terapêuticas destinadas ao tratamento e recuperação
 de adictos; g) é legítima a utilização dos meios de comunicação social 
para o anúncio do Evangelho; h) o diálogo e a justiça social são 
princípios bíblicos, fundamentais para o posicionamento social cristão; 
i) as igrejas evangélicas acolhem toda sorte de pessoas, propondo vida 
nova e por essa razão têm crescido em número de fiéis; j) as igrejas 
evangélicas realizam extenso trabalho social com pobres, órfãos, 
toxicômanos, moradores de rua, presidiários e a sociedade em geral, de 
forma regular e, em ocasiões de catástrofes, de forma especial.
O Sr. Henrique Vieira posiciona-se, em contrapartida, afirmando: 
a) possíveis traços raciais de Jesus como mais relevantes que a salvação
 universal por Ele oferecida a todos; b) sua participação no desfile 
carnavalesco da Escola de Samba Mangueira no qual irá cantar “Mangueira,
 teu samba é uma reza”; c) Maria como “mãe solteira”; d) que as igrejas 
evangélicas criam um ambiente “antidemocrático, hostil e excludente para
 mulheres, negros, fiéis de religiões de matriz africana e militantes 
dos direitos humanos”; e) sua posição favorável à legalização do aborto;
 f) sua posição favorável à legalização das drogas; g) sua posição 
contrária aos programas televisivos promovidos pelas Igrejas 
Evangélicas; h) o diálogo e a justiça social a partir de ideologia 
político-partidária.
Considerando a manifestação pública do Sr. Henrique Vieira – que 
se declara pastor evangélico – de que irá desfilar na Escola de Samba 
Mangueira durante o Carnaval, reafirmamos a primazia da consciência e 
dos direitos individuais, mas nos posicionamos contrariamente à 
incoerência evidente entre alguns valores, atitudes e comportamentos 
explicitados pelo Carnaval e a fé cristã e o pertencimento a uma Igreja 
ou Comunidade Evangélica.
 
Reconhecemos que o meio evangélico contempla uma variedade de visões
 e interpretações acerca das realidades humana, social e religiosa. 
Contudo, há elementos básicos que identificam nossa cosmovisão e suas 
implicações existenciais e sociais, sendo que, alguns deles, 
apresentamos acima.
Reafirmando o direito humano fundamental de escolha e consequente
 respeito às escolhas individuais, registramos nossa posição acerca das 
manifestações do Sr. Henrique Vieira, que não possui legitimidade para 
se posicionar como representante da grande maioria do povo evangélico da
 cidade do Rio de Janeiro e do Brasil.
Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 2020.
Também assinam os pastores Jonatas Prattis, Clóvis Barbosa Ramos, 
Wagner dos Santos, André Haroldo, Alex Romano, Wagner José dos Santos 
Oliveira, Silas Esteves, Paulo Cotta, Marcos Vinícius, Magner Ferreira, 
Samuel Gonçalves, Rinaldo Dias, José Carlos Lessa, Antônio Paulo 
Antunes, Orivaldo Aparecido Prattis, David Cabral, Roberto Ribeiro, 
Davidson Pereira de Freitas e Alberto Stassen.
 PN