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domingo, 8 de setembro de 2019

São Paulo ganhou 2.433 novas igrejas nos últimos 25 anos

Fundada por jesuítas em 1554, São Paulo cresceu repleta de igrejas. No último quarto de século, porém, os templos se multiplicaram em velocidade inédita: cerca de cem ao ano, passando de 3.346, em 1995, para 5.779, segundo dados da prefeitura.

Por trás da explosão -um salto de 73%, considerando apenas os espaços oficialmente inscritos como igrejas, está um movimento de mudança no perfil religioso da cidade e do país, em que a cerimônia dos padres deu espaço à linha carismática dos pastores.

Essa transição deixou marcas concretas na paisagem paulistana, com construções faraônicas como o Tempo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, e locais de culto improvisados em garagens e salões na periferia.

A tendência, acentuada nos anos 90, mantém-se consistente. É uma variação maior do que o crescimento da cidade em área construída no período (60%), e múltiplas vezes acima daquela registrada por cinemas, teatros e clubes de rua (7%, para 571) e clubes esportivos (8%, para 561).

Ante a disseminação de templos evangélicos, a Igreja Católica se mantém como a maior detentora individual de templos. São 731 deles, além de mais de 1.200 outros imóveis em seu nome na cidade.
Somadas, porém, as denominações protestantes são maioria. Entre estas sobressai a Assembleia de Deus e suas associadas, com 499 templos, de acordo com o cadastro de IPTU da cidade de São Paulo.

A igreja chegou ao Brasil com missionários suecos que se fixaram no Pará, e, segundo o chefe do departamento da ciência da religião da PUC-SP, Fernando Altermeyer Junior, é a denominação mais dinâmica entre as pentecostais.

– Isso se explica pela lógica da missionaridade. Um amigo dizia que, em qualquer bairro, você vai encontrar um bar e uma Assembleia de Deus – disse.

Há unidades da Assembleia em mais de 300 bairros da capital, do edifício de 10 mil m² no Brás, que lembra uma casa de shows, a portinholas em cantos periféricos.

A forte presença de templos pentecostais nas franjas da cidade denota a perda da supremacia católica entre os menos providos, apontou Altermeyer. O professor lembrou o processo de formação sacerdotal: enquanto um pastor entra em ação em meses, um padre leva sete anos. E, embora a Igreja Católica não feche templos, ela tampouco segue a gentrificação da cidade.

A terceira igreja com mais templos na cidade é a Congregação Cristã, dona de 300. Suas fachadas azul ou cinza são figura fácil na periferia, com uma identidade arquitetônica que, diferentemente da de outras denominações, tem poucas variações permitidas.

A expansão evangélica trouxe também preocupação com a qualidade dos locais de culto.
O arquiteto Alessandro Souza se especializou no ramo, com um portfólio que reúne templos em vários estados.

De acordo com ele, embora sem o esmero estético da Igreja Católica, os evangélicos têm buscado investir sobretudo na acústica, que costumava ter problemas.

– Antes, fazia qualquer coisa, punha uns bancos e já era uma igreja. Agora há um amadurecimento das construções – comentou.

A diversidade visual dos templos chama a atenção nas avenidas de São Paulo. Maior via da capital, a avenida Sapopemba, na Zona Leste, tem 18 delas em seus 45 quilômetros, recorde na cidade. Em seguida vem a estrada do M’Boi Mirim, no Extremo Sul, com 12 em 16 quilômetros.

Em sétimo lugar nesta lista, a avenida Celso Garcia, que liga a zona leste à região central, também traz alguns dos maiores templos da cidade. É o caso do Templo de Salomão, da Universal, com 99 mil m². A dimensão é marca da igreja de Edir Macedo –é dela ainda o terceiro maior espaço de culto da cidade, na rua dos Missionários, Santo Amaro, na Zona Sul, com mais de 30 mil m². O segundo é da Deus é Amor, no Brás, com 65 mil m².

Entre os templos católicos o maior é o Santuário Mãe de Deus, conhecido como a igreja do padre Marcelo Rossi, no bairro Campo Grande, na Zona Sul. A Catedral da Sé, no Centro, surge apenas no 21º lugar.

Para Altemeyer, grandes templos cativam pela imponência. Igrejas têm isenção tributária. Se pagassem IPTU, levantariam R$ 130 milhões, o bastante para construir um hospital geral por ano.

No que depender da Câmara Municipal, entretanto, essa possibilidade é pequena. Ali também cresceu a presença evangélica, com uma bancada que defende benefícios fiscais.

– [Igrejas] prestam serviço muitas vezes de caráter público, como recuperar dependentes químicos, entre outros – disse o presidente da casa, Eduardo Tuma (PSDB).

Sob Tuma, evangélico, a Câmara ampliou a isenção de IPTU a imóveis de grupos religiosos.
*Folhapress

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